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Para Coutinho, do BNDES, ''o pior da crise já passou''
Desembolsos do banco no 1.º semestre chegaram a R$ 42,9 bilhões e cresceram 10,8% em relação a 2008
Jacqueline Farid
Os resultados do desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro semestre, apresentados ontem, aumentaram o otimismo do presidente da instituição, Luciano Coutinho, em relação à recuperação da economia brasileira após o tombo provocado pela crise global. O volume de desembolsos totalizou R$ 42,9 bilhões, com alta de 10,8% ante igual período de 2008. "O pior da crise já passou, os desembolsos se sustentaram", afirmou.
Para ele, os dados mostram uma retomada da confiança dos empresários e revelam que o País poderá sustentar um crescimento de "4% a 4,5% ou mais" nos próximos anos. Segundo Coutinho, os bancos públicos, inclusive o BNDES, tiveram importante papel anticíclico na crise e "está havendo um início de resposta positiva por parte do setor empresarial".
Segundo o executivo, a expectativa é que no segundo semestre os resultados "sejam bem mais fortes" e, no fim do ano, o banco apresente novo recorde de desembolsos em 12 meses. Em 2008, as liberações do banco somaram R$ 92,2 bilhões, com crescimento de 42% em relação a 2007 (R$ 64,9 bilhões). Em 2009, a expectativa é de um total de R$ 120 bilhões.
O maior volume setorial de desembolsos no primeiro semestre ficou com a infraestrutura, que totalizou R$ 16,4 bilhões, com aumento de 9% ante igual período do ano passado, liderado pelos segmentos de energia elétrica e transporte rodoviário. Para a indústria, o total de desembolsos no primeiro semestre somou R$ 17,3 bilhões, com alta de 8%. Quanto à agropecuária, foram desembolsados R$ 3,1 bilhões (alta de 10%) e, para os serviços, o total de desembolsos somou R$ 5,1 bilhões, com aumento de 32%.
Para Coutinho, os desembolsos ao setor industrial mostram que a recuperação de investimentos na indústria "está ocorrendo mais cedo que o esperado". Ele observou que, em relação aos investimentos, "há uma expectativa positiva, embora moderada". "Não voltaremos ao nível de aceleração dos investimentos de antes da crise, mas o pior já passou e há uma recuperação, nos resta consolidar a recuperação da confiança."
Segundo Coutinho, o aumento dos investimentos vai contribuir para controlar a inflação no País. Ele argumentou que um dos papéis do banco é "ajudar o Banco Central no médio e longo prazos". Ele está otimista em relação à continuidade da queda de juros no País. "A economia brasileira pode consolidar agora um patamar de juros muito mais baixo do que de 2004 a 2008." Ele disse esperar um nível de juro real abaixo de 5% e avalia que "a consolidação desse patamar é um processo de médio prazo, para os próximos três a quatro anos".
FRIGORÍFICOS
O presidente do BNDES garantiu que o banco "está trabalhando" e "tem um pouco de pressa" na definição das medidas para rastrear a origem da carne bovina dos frigoríficos financiados pela instituição. "É uma questão bastante complexa, especialmente no Amazonas, de como tornar essas medidas eficazes. Sou avesso a anunciar o que não está bem estruturado."
As medidas deverão prever várias exigências para concessão de empréstimos aos frigoríficos. Uma das medidas esperadas é a execução de um programa de rastreabilidade que permita dizer se a carne que chega aos supermercados tem origem em fazendas que contribuem para o desmatamento.