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Mercado volta a elevar previsão para inflação
Com o aumento dos preços de alimentos no atacado, expectativa de alta do IPCA para 2011 subiu de 4,9% para 4,95%
Pela segunda semana seguida, o mercado aumentou a previsão para a inflação em 2011. Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central mostra que a expectativa de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou de 4,9% para 4,95%.
Remarcações de preço de alimentos no atacado, além de novos sinais de aquecimento da economia, reforçam a previsão de que o juro básico da economia, a Selic, subirá no próximo ano.
O levantamento semanal do BC mostra que o mercado financeiro está desconfortável com a evolução recente dos preços e todas as previsões para o índice oficial de inflação subiram: setembro, outubro, 2010, próximos 12 meses e 2011.
A estimativa para o IPCA neste ano, por exemplo, aumentou pela primeira vez em quatro meses e passou de 4,97% para 5,01%. A última alta dessa previsão foi na pesquisa Focus de 21 de maio.
"O até outrora cenário benigno para a inflação começa a se alterar", diz o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. Segundo ele, dois movimentos lideram a pressão sobre os preços: alimentos e atacado.
Um exemplo é a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada na semana passada, que mostra que alimentos e bebidas subiram 3,93% no atacado em setembro - especialmente carne, óleos e açúcar. Em agosto, a alta havia sido de 0,73%.
Além da inflação, economistas têm chamado atenção para novos sinais de que a economia segue em expansão vigorosa. Nos últimos dias, o destaque foram os metalúrgicos do ABC, que conseguiram reajuste de 10,8%. O aumento cobre a inflação de 4,29% no último ano acrescida de ganho real de 6,25%.
"Em um contexto de economia aquecida, com forte demanda por mão de obra, os riscos devem ser monitorados como o reajuste dos metalúrgicos do ABC, que se soma a outros acordos com elevados ganhos reais. Ou seja, é reforçada a possibilidade de novos aumentos na Selic em 2011", diz Campos Neto.
Sinal contundente. Para economistas, o ganho real é uma dos sinais mais contundentes de que a economia está aquecida e, na busca por mão de obra, empresas aceitam pagar salários maiores para aumentar a produção.
Por enquanto, analistas mantêm a previsão de que o juro deve subir 1 ponto porcentual no próximo ano, até 11,75%. Mas as taxas futuras de juros subiram ontem em reação ao novo aumento das estimativas. A alta da taxa Selic é necessária, segundo economistas, para conter o crescimento da economia e impedir que a inflação cresça acima da meta: 4,5% com intervalo até 6,5%.
O Banco Central, porém, tem dado sinais de que está confortável com o nível dos juros e da inflação em 2011. Uma das explicações é que as condições mudaram e, agora, a economia consegue conviver com Selic menor, sem pressão demasiada sobre os preços.
Nas últimas semanas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem afirmando que, com a inflação próxima da meta de 4,5% para este ano, não será necessário adotar medidas para conter o crescimento da economia.